BRASÍLIA - O presidente da Federação Internacional dos Trabalhadores do Amianto Crisotila, Adilson Conceição Santana, afirmou na Câmara que o Brasil não registra casos de doenças relacionadas ao uso do amianto crisotila desde a década de 80. Segundo Santana, o uso controlado e responsável do amianto possibilita trabalhar com o mineral sem que cause mal à saúde.
Durante audiência pública realizada na Comissão de Seguridade Social e Família, Santana assinalou que "é preciso reavaliar a realidade atual da produção do amianto crisotila no país, "pois o uso controlado garante ambientes saudáveis de trabalho na mina e nas fábricas de telha e caixa d'água", defendeu.
O debate solicitado pelos deputados Ronaldo Caiado (DEM-GO) e João Campos (PSDB-GO) foi para discutir os projetos de lei do deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), que proíbem a utilização de amianto no Brasil.
Defensor do uso controlado e responsável do amianto, o representante da Comissão Nacional dos Trabalhadores do Amianto (CNTA), Nilton Pereira Campos, criticou as indústrias automotivas que, segundo ele, utilizam de forma inadequada o amianto. - Não vimos ainda nenhuma indústria automotiva ser fechada. Elas não respeitam a legislação e o acordo nacional do amianto - ressaltou.
Santana afirmou que empresários que defendem a saída do amianto do cenário nacional, querem substituí-lo por fibras sintéticas, "um produto que dura menos e não presta, mas que representa um mercado de R$ 2 bilhões", ressaltou.
O deputado Ronaldo Caiado lembrou que em todas as legislaturas o tema é discutido na Câmara dos Deputados, o que demonstra a "estratégia bem elaborada pelas multinacionais que não conseguem concorrer com o amianto, e com isto querem a todo custo denegrir o produto brasileiro".
Para Caiado, as multinacionais querem "satanizar" o amianto brasileiro para introduzir o produto sintético no mercado nacional.
- Agem de maneira predatória. A fibra sintética não tem estudo sobre o impacto ambiental e sobre a saúde do trabalhador para substituir o amianto crisotila, que, se utilizado adequadamente, pode trazer benefícios para a sociedade - disse.
Caiado acrescenta que é preciso desmistificar a campanha contrária ao uso do amianto. - Não existe o menor embasamento científico para banir o seu uso - criticou. Médico ortopedista, Caiado comparou o uso do amianto à utilização do Raio X, que, se utilizado inadequadamente, pode causar danos à saúde, "e nem por isto foi abolida sua utilização".
O deputado Acélio Casagrande (PSDB-SC) concorda quanto à necessidade de reconstrução da imagem do amianto no Brasil, que segundo ele, sofre uma verdadeira "desconstrução" por parte de setores que querem acabar com sua utilização, em detrimento de produtos sintéticos menos duráveis e mais caros.
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